
17 outubro, 2007
05 outubro, 2007
Carlota
28 setembro, 2007
Taís
- Vamos ao cinema?
- Oba, vamos!
- Tem um filme super legal no Frei Caneca às 9 e 20.
- Ah, não dá. Só se for depois das 11.
- Putz... amanhã vou trabalhar logo cedo... às 11 não vai dar...
- Vamos amanhã, então.
- Mas eu queria ir hoje... não dá mesmo às 9 e 20?
- Como assim? Vai dizer que você não quer saber quem matou a Taís?
- Quem?!!!
- Meu, falassério!!!!!
- Que Taís?
- A Taís!!! Televisão... Globo... Paraíso Tropical... último capítulo... helo-ooo!!!!
- AHH.... É que eu não assisto TV. Muito menos novela.
- Como assim? Não sabe que a Taís é irmã gêmea da Paula, que é casada com o Daniel, que é inimigo do Olavo, que engravidou a Bebel, que é a Camila Pitanga, que disse que o filho é do Toni Ramos?
- A Camila Pitanga tá grávida do Toni Ramos?
- NÃÃÃÃOOOOO!!!!. Na novela!!!
- Ah... eu não sei de nada disso não...
- Caraca!!!! Em que mundo você vive? Eu, hein!!! Falassério!!!!
- Oba, vamos!
- Tem um filme super legal no Frei Caneca às 9 e 20.
- Ah, não dá. Só se for depois das 11.
- Putz... amanhã vou trabalhar logo cedo... às 11 não vai dar...
- Vamos amanhã, então.
- Mas eu queria ir hoje... não dá mesmo às 9 e 20?
- Como assim? Vai dizer que você não quer saber quem matou a Taís?
- Quem?!!!
- Meu, falassério!!!!!
- Que Taís?
- A Taís!!! Televisão... Globo... Paraíso Tropical... último capítulo... helo-ooo!!!!
- AHH.... É que eu não assisto TV. Muito menos novela.
- Como assim? Não sabe que a Taís é irmã gêmea da Paula, que é casada com o Daniel, que é inimigo do Olavo, que engravidou a Bebel, que é a Camila Pitanga, que disse que o filho é do Toni Ramos?
- A Camila Pitanga tá grávida do Toni Ramos?
- NÃÃÃÃOOOOO!!!!. Na novela!!!
- Ah... eu não sei de nada disso não...
- Caraca!!!! Em que mundo você vive? Eu, hein!!! Falassério!!!!
20 setembro, 2007
18 setembro, 2007
17 setembro, 2007
05 setembro, 2007
Barbie de Chumbo, Polly assassina

"Cerca de 7.057 mil unidades chegaram ao varejo neste período e a maioria está nas mãos dos consumidores. A partir de hoje, os pontos de vendas de todo o Brasil estão sendo notificados para que suspendam a comercialização e que retornem esses produtos à Mattel imediatamente", afirma o comunicado.
A empresa colocou o telefone 08007701207 e um site à disposição dos consumidores brasileiros para informações sobre o recall.
"Mais uma vez, pedimos desculpas a todos aqueles atingidos por esse recall e mantemos nossa promessa de continuar os esforços para assegurar a qualidade e a segurança de nossos brinquedos."
Este novo recall é mais um de uma série de problemas encontrados recentemente em brinquedos fabricados na China. O recall está sendo feito em virtude de alguns brinquedos apresentarem excesso de chumbo e ímãs fora dos padrões de aceitabilidade. Fala sério!!!!! Os caras fazem os brinquedos na China pra baratear o custo por causa da isenção quase absoluta de impostos e dos custos de mão de obra próximos a zero que o país oferece e os chineses, além de usarem mão de obra quase escrava, usam tinta barata e cheia de chumbo nos brinquedos que vão pras boquinhas das criancinhas do mundo todo....
Depois disso tudo, nós não fazemos nada pra dificultar esse comércio, pelo contrário, só facilitamos as importações e as relações comerciais com o país que mais cresce no mundo inteiro.
Outro dia estava ouvindo uma matéria na Rádio Eldorado sobre a importação de tecidos e de roupas da China. Segundo o entrevistado, que era presidente de um sindicato ligado à área da confecção, uma blusa de lã feminina chega aqui no Brasil a 80 centavos de dólar e um terno masculino a USD 1,20. Onde estão todos os impostos que o produtor nacional paga? Por que diabos o Brasil resolveu achar que precisa negociar com a China abrindo as pernas desse jeito? De minha parte, vou voltar a fazer boneca de pano em casa pra dar de presente pros filhos dos amigos. De todo modo, vou tomar muito cuidado pra não usar tecido importado da China. Clique para ver a relação de brinquedos que apresentaram problemas com Chumbo. Clique para ver a relação de brinquedos que apresentaram problemas com ímãs.
22 agosto, 2007
Dias de água

Dias de água ecoam pranto e todo canto se torna um grande lamento.
21 agosto, 2007
Voltei!
03 agosto, 2007
É maldade....
... mas não dá pra resistir. Olha só frase que eu recebi por email hoje:
"Com a Tap você viaja para o Velho Mundo,
com a Delta Air Lines você viaja para o Novo Mundo e
com a TAM & a GOL você viaja para o Outro Mundo!"
com a Delta Air Lines você viaja para o Novo Mundo e
com a TAM & a GOL você viaja para o Outro Mundo!"
30 julho, 2007
Biquinha

Dia desses fui à casa de uns amigos com minha comadre que tem sobrenome alemão, mas de "alemoa" só tem o olho claro, porque o resto devia ter nascido mesmo era na Bahia. A baixinha adora pimenta e eu não fico atrás, só nunca curti muito comer a própria pimenta, sou mais a fim de um molhinho, tipo tabasco, pra dar um gostinho na comida, mas nada que seja ardido demais.
Foi então que conheci a "Biquinha".
Foi amor à primeira mordida (ou ardida?). Ela é suave, docinha, pequena, vermelhinha, com um leve ardidinho que aparece quando a genta mastiga, enfim, um charme de pimenta. Só tinha um restinho no vidro e a gente se fartou, comendo com pão italiano. Um arraso. Depois vim embora, esqueci o nome da talzinha e passou.
Quando fui pra São Tomé das Letras e comi no tal do "Massaroca", aquele bistrozinho de que falei, ali estavam elas de novo: 3 pimentinhas daquelas em cima do molho de ervas do meu frango. Não teve mais jeito: perguntei pra menina que servia e ela me disse que o nome da danada era "Biquinha". Afe! Trouxemos um monte de pimenta de Minas e daí pra cá é biquinha no almoço e no jantar, na sopa, na carne, no arroz... estou totalmente viciada.
O melhor de tudo é que hoje encontrei pra vender no supermercado... (ÊBA!!!)
"Antes do corpo baquear macio a mulher viu o céu inteiro e um búfalo"

O gesto teme, os olhos resvalam no secreto; o prazer do olhar de relance antecede a entrega, as horas todas de deleite, pois.
Eis que tua mão tocou aqueles papéis, as páginas, os livros guardados, assinaturas à caneta bic: o peso do tempo e da verdade na intimidade daquelas gavetas de madeira.
Minha relação com Clarice já passou por momentos de prazer, dependência, tristeza, ódio, nojo, saudade, apaixonamento. Do amor intenso à solidão absoluta. Ao penetrar naquelas gavetas tive tanto medo de não me poder.
Mas.
28 julho, 2007
A Estrada Real de Minas

Passamos por: Caxambu, Soledade de Minas, Lambari, Cambuquira, Conceição do Rio Verde, São Tomé das Letras, Três Corações e São Lourenço, entre muitas outras pequeninhas, que são pouco mais do que uma vila ("due canni, tre gatti, una chiesa i don Basílio"). Voltamos de lá, carregando um "sotaquezin minêr, né mêsss?" e a certeza de que queremos ir de novo.
São Lourenço
Diferentemente das águas das fontes de Caxambu, que têm gosto de água do pântano, as de São Lourenço têm gosto de água com gás sem gelo.... Por que todo mundo (inclusive eu) faz questão de beber aquela coisa horrorosa?
27 julho, 2007
Congonhas
Interrompo, neste momento, a narrativa de minhas viagens pela Estrada Real de Minas, para transcrever, na íntegra, um texto do meu pai, publicado ontem no site http://www.jornalirismo.com.br/
Êta baianinho porreta esse!
(Pista do aeroporto de Congonhas, em foto de 1951)
CONGONHAS, O NOSSO AEROPORTO
Por HUMBERTO MENDES
Lembro como se fosse hoje.
Eu era office boy da Clicheria e Estereotipia Sul Americana nos idos de l950. Ali, na avenida Miruna, tinha uma gráfica e, um pouco mais para baixo, em Moema, ficava a fábrica de brindes Pombo. Eu ia sempre na parte da tarde a esses dois clientes entregar clichês, estéreos, provas em glacê e outros materiais para impressão de folhetos e cartazes de propaganda. Era tudo muito longe. Pegava o bonde Jabaquara na Praça João Mendes, descia depois da Igreja de São Judas, andava uns três quilômetros ou mais, entregava tudo e voltava, passando pelo Aeroporto de Congonhas, para ver os DC2 da Real Aerovias, Panair,Varig e outros grandes aviões daquela época e aproveitava para dar uma beliscada numa namoradinha que morava por ali. O pai dela, funcionário da Panair, não gostava de mim, porque não via futuro para a filha naquele moleque que trabalhava, segundo ele, “nessa besteira de propaganda”, só que, enquanto ele conferia cargas e bagagens, eu, safadamente, aproveitava para namorar sua filha.
Lembro que o nosso aeroporto era bem novinho e perto dele não tinha nada, a não ser algumas casas de trabalhadores que o construíram e se empregaram posteriormente no próprio. Aquele era um lugar bucólico, impregnado de vida e poesia, pois, em cada uma daquelas pequenas casas, tinha um jardim, um quintal com horta, pomar e amor. Hoje não é mais, perdeu completamente essas características, pois foi invadido pela sanha desbragada do setor imobiliário.
O tempo passou, deixei de ser boy e, pela via da produção gráfica, entrei para a atividade da propaganda e, daí em diante, passei a freqüentar o aeroporto, então para voar, carregando layouts e materiais de propaganda nos Avro, Caravelle, Electra, One Eleven e outros aviões muito maiores do que aqueles que eu admirava. Continuo voando ainda hoje em grandes aviões como o Boeing, Airbus etc. É tão comum encontrar publicitários em Congonhas, que se não não fosse tão cabotino, eu ousaria dizer que é o nosso aeroporto.
Acompanhei de perto o crescimento da nossa aviação e também daquilo que deixou de ser simplesmente um aeroporto, para se transformar em “região do aeroporto” cheia de prédios, uma verdadeira selva de pedra, onde até as rotas dos aviões foram violentamente ocupadas. Basta olhar para o bairro de Moema e adjacências, para constatar o tamanho absurdo. No meio de tudo isso, nosso bom e velho Congonhas, por mais que tenha sido ampliado em pistas e instalações, não conseguiu acompanhar o crescimento imobiliário e o que vemos hoje é um ótimo aeroporto, mas sem a menor possibilidade de criar um acostamento para uma saída de emergência, porque todo o seu entorno, até as beiradas, sofreu uma ocupação sem lei e sem alma.
Tão sem lei e sem alma, que os ocupantes vivem pedindo sua extinção, não é de hoje. Em l996, quando aconteceu aquele desastre com o Fokker 100 da TAM, eu morava em Moema e fui convocado para uma reunião na associação dos moradores, em que se discutiria um abaixo-assinado para tirar dali o aeroporto. Minha participação durou menos de um minuto e a reunião acabou no momento em que uma senhora de idade avançada me pediu para colocar a seguinte pergunta: “Quem chegou primeiro aqui na região, foram os nossos apartamentos, ou foi o aeroporto?”.
Naquela reunião, todos entendemos e lembramos de um velho ditado que diz o seguinte: “Os incomodados que se mudem...”. *Humberto Mendes é VP Executivo da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda), publicitário, morador da região e usuário permanente do Aeroporto de Congonhas.

Lembro que o nosso aeroporto era bem novinho e perto dele não tinha nada, a não ser algumas casas de trabalhadores que o construíram e se empregaram posteriormente no próprio. Aquele era um lugar bucólico, impregnado de vida e poesia, pois, em cada uma daquelas pequenas casas, tinha um jardim, um quintal com horta, pomar e amor. Hoje não é mais, perdeu completamente essas características, pois foi invadido pela sanha desbragada do setor imobiliário.
O tempo passou, deixei de ser boy e, pela via da produção gráfica, entrei para a atividade da propaganda e, daí em diante, passei a freqüentar o aeroporto, então para voar, carregando layouts e materiais de propaganda nos Avro, Caravelle, Electra, One Eleven e outros aviões muito maiores do que aqueles que eu admirava. Continuo voando ainda hoje em grandes aviões como o Boeing, Airbus etc. É tão comum encontrar publicitários em Congonhas, que se não não fosse tão cabotino, eu ousaria dizer que é o nosso aeroporto.
Acompanhei de perto o crescimento da nossa aviação e também daquilo que deixou de ser simplesmente um aeroporto, para se transformar em “região do aeroporto” cheia de prédios, uma verdadeira selva de pedra, onde até as rotas dos aviões foram violentamente ocupadas. Basta olhar para o bairro de Moema e adjacências, para constatar o tamanho absurdo. No meio de tudo isso, nosso bom e velho Congonhas, por mais que tenha sido ampliado em pistas e instalações, não conseguiu acompanhar o crescimento imobiliário e o que vemos hoje é um ótimo aeroporto, mas sem a menor possibilidade de criar um acostamento para uma saída de emergência, porque todo o seu entorno, até as beiradas, sofreu uma ocupação sem lei e sem alma.
Tão sem lei e sem alma, que os ocupantes vivem pedindo sua extinção, não é de hoje. Em l996, quando aconteceu aquele desastre com o Fokker 100 da TAM, eu morava em Moema e fui convocado para uma reunião na associação dos moradores, em que se discutiria um abaixo-assinado para tirar dali o aeroporto. Minha participação durou menos de um minuto e a reunião acabou no momento em que uma senhora de idade avançada me pediu para colocar a seguinte pergunta: “Quem chegou primeiro aqui na região, foram os nossos apartamentos, ou foi o aeroporto?”.
Naquela reunião, todos entendemos e lembramos de um velho ditado que diz o seguinte: “Os incomodados que se mudem...”. *Humberto Mendes é VP Executivo da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda), publicitário, morador da região e usuário permanente do Aeroporto de Congonhas.
23 julho, 2007
São Tomé (das Letras?)
Demoramos umas duas horas mais ou menos pra chegar lá. A visão que se tem da estrada é assustadora. Uma grande pedreira colorindo de branco os morrinhos verdinhos de Minas. Conforme nos aproximamos, piora muito: não se vê mais o verde, só enormes buracos por todos os lados. De repente, quando entramos na cidade, tudo fica de novo coloridinho. Casas feitas de pedra mineira (aquela que usamos em volta das piscinas), ruas calçadas de pedra, lojinhas de souvenir, gente sentada na praça que circunda a igreja matriz.
Estranho como a volta sempre parece bem mais curta...
22 julho, 2007
Caxambu
Eu tenho uma amiga que gosta de pinga e, antigamente, sempre que viajava, voltava levando uma garrafa de alguma boa pinga de alambique pra ela. Com o tempo, arrumei outra amiga que também é chegada e há uns quinze dias mais ou menos descobri uma terceira, que conheço há quase 20 anos e nem imaginava que podia gostar de uma branquinha (quantas garrafas serão ano que vem?).
Caxambu é uma bela cidade... A média etária dos visitantes deve ser perto dos 70 anos e, talvez por isso mesmo, por todo lado há muitas lojinhas pra comprar coisinhas e docinhos. Há também um parque com balneário, pedalinho e teleférico. O balneário está fechado (graças a Deus!), andar de pedalinho é uma delícia, mas teleférico não dá, tenho pavor daquilo. Já fizemos um passeio de charrete e amanhã vou comprar doces pra levar pra São Paulo (além dos que gostam de pinga, tenho amigos que adoram compotas...).
18 julho, 2007
JJ 3054
Estava deixando minha mãe e minha filha em casa ontem, o rádio do carro estava ligado numa dessas emissoras que têm aqueles programas insuportáveis em que os locutores ligam pra casa dos ouvintes e passam trotes pra encher o saco das pessoas que atendem o telefone. Na verdade, o programa estava entrando no ar e eles disseram algo mais ou menos assim:
- Pô, meu, viu lá o acidente da TAM? Que mal, né....
- É mal pra caralho... Essas coisas são tristes, né?
- É foda... mas a vida continua, né?
- Pode crer... Vamo continuar aí com o programa, então, né?
- Vamo aí.
A rádio seguiu com o programa, minha filha e minha mãe desceram do carro e eu segui meu caminho, sem imaginar o tamanho da tragédia que havia acabado de acontecer. Eram 19h: dez minutos após da queda do avião da TAM, portanto.
Quando mudei de emissora e tive noção do que estava acontecendo, quando vi o tamanho do trânsito que me esperava rumo ao bairro do Aeroporto, quando carros e mais carros de bombeiros e ambulâncias começaram a passar alucinados por mim, comecei a pensar na locução dos dois rapazes e tive vergonha de ver o uso que está sendo dado aos veículos de comunicação.
É muito provável que depois a emissora tenha dado uma cobertura mais decente do acidente, mas, naquele momento, a forma como os rapazes o abordaram foi lastimável.
Mais tarde, assisti pela TV à veiculação das imagens do incêndio e da exploração da tristeza dos familiares das vítimas com a exibição dos gritos de horror, medo, pânico, dor e sofrimento de pais, mães, maridos, esposas e filhos que esperavam uma notícia. A exploração da dor e do desespero daquelas pessoas entrou em nossa casa através do mais importante veículo de comunicação da atualidade em busca de um ponto a mais de audiência... Desliguei a TV e percebi que ainda tinha muita vergonha a sentir.
- Pô, meu, viu lá o acidente da TAM? Que mal, né....
- É mal pra caralho... Essas coisas são tristes, né?
- É foda... mas a vida continua, né?
- Pode crer... Vamo continuar aí com o programa, então, né?
- Vamo aí.
A rádio seguiu com o programa, minha filha e minha mãe desceram do carro e eu segui meu caminho, sem imaginar o tamanho da tragédia que havia acabado de acontecer. Eram 19h: dez minutos após da queda do avião da TAM, portanto.
Quando mudei de emissora e tive noção do que estava acontecendo, quando vi o tamanho do trânsito que me esperava rumo ao bairro do Aeroporto, quando carros e mais carros de bombeiros e ambulâncias começaram a passar alucinados por mim, comecei a pensar na locução dos dois rapazes e tive vergonha de ver o uso que está sendo dado aos veículos de comunicação.
É muito provável que depois a emissora tenha dado uma cobertura mais decente do acidente, mas, naquele momento, a forma como os rapazes o abordaram foi lastimável.
Mais tarde, assisti pela TV à veiculação das imagens do incêndio e da exploração da tristeza dos familiares das vítimas com a exibição dos gritos de horror, medo, pânico, dor e sofrimento de pais, mães, maridos, esposas e filhos que esperavam uma notícia. A exploração da dor e do desespero daquelas pessoas entrou em nossa casa através do mais importante veículo de comunicação da atualidade em busca de um ponto a mais de audiência... Desliguei a TV e percebi que ainda tinha muita vergonha a sentir.
11 julho, 2007
COLE - 1
Estou em Campinas. Vim pra apresentar um trabalho no 16º COLE – Congresso de Leitura - e, aproveitando a passagem por aqui, vou ficar pra um sarau no sábado.
Congresso é uma coisa engraçada... Esse aqui tem 4500 pessoas, espalhadas pela UNICAMP, que também é enorme, e, de repente, você encontra alguém que estudou com você há 20 anos ou mais.
Foi assim: eu estava num banheiro, na frente de um espelho, passando batom, quando chega uma moça baixinha, cabelo preto, preto, atrás de mim e puxa conversa.
- Você é a Lina, não é?
Olho arregalado, batom em metade da boca, respondo, olhando pra aquela pessoinha que não imagino quem seja.
- Sou....
- Ah, você não lembra de mim....
Como assim, “você não lembra de mim?” Quem é ela pra dizer que eu não tenho memória?
- Claro que lembro!!! – respondo animada – tudo bem com você?
-Tudo!!!! Ai, que bom, já ia ficar chateada, imagina, logo VOCÊ não se lembrar de mim!!!
-Imagina... – ai, meu deus...
-E a sua mãe, seu pai... E o Beto, como tá?
Pânico: Beto é meu irmão, como é que ela sabe?
-Ta todo mundo bem, sim... E você, tem feito o quê?
-Como assim? Não lembra?
Cacete, que pentelha!!!
-Claro que lembro... E continua?
-Ah, continuo... Não vou largar nunca!!!
-Legal...
-Nossa, que bom te ver!!!! Não mudou nada!!!
-Você também não, ta igualzinha.
-Como assim??? Meu cabelo nem é mais loiro...
Loira? Que inferno!
-Não, mas você ficou ótima morena.
-Lina, eu sempre fui morena, não lembra? Só pintei de loiro no ginásio, depois voltei pro preto... Fala sério, você não ta me reconhecendo....
Pronto, uma pista: “Ginásio”, mas faz tempo pra cacete, como é que essa pentelha lembra de mim?
-Imagina, claro que tô... Bom, mas eu tenho de ir...
-Vai apresentar trabalho amanhã, né? Eu vi no livrinho que eles entregaram aqui... Você viu o meu?
Ufa! É agora.
-Não... Ainda não tive tempo de procurar ninguém, em que página você está? – e saco rapidamente o livrinho da bolsa, na esperança de ler o nome da mulher no comunicado.
-Não sei... Estou sem óculos agora, não vai dar pra ver, mas depois você acha.... Vai me ver, ta? É amanhã!
-Ta bom, vou sim. Ah, me dá seu email.
-Anotai: wmt@........ (não vou colocar o email dela aqui, né? WMT???)
-Puxa, WMT... O que quer dizer o “T”? – perguntei, na esperança de descobrir o “W”.
-É o sobrenome do meu marido. Bom, vou nessa. A gente se fala, ta? Você ta ótima!
E-mails e telefones trocados, ela mora perto da minha casa, tem 3 filhos e um deles acabou de casar. Eu fiquei com o rosto dela na cabeça, tentando me lembrar de alguém que tenha estudado comigo, cujo nome comece com W... Wanda? Wanderléia? Wanessa? Wilma....
Congresso é uma coisa engraçada... Esse aqui tem 4500 pessoas, espalhadas pela UNICAMP, que também é enorme, e, de repente, você encontra alguém que estudou com você há 20 anos ou mais.
Foi assim: eu estava num banheiro, na frente de um espelho, passando batom, quando chega uma moça baixinha, cabelo preto, preto, atrás de mim e puxa conversa.
- Você é a Lina, não é?
Olho arregalado, batom em metade da boca, respondo, olhando pra aquela pessoinha que não imagino quem seja.
- Sou....
- Ah, você não lembra de mim....
Como assim, “você não lembra de mim?” Quem é ela pra dizer que eu não tenho memória?
- Claro que lembro!!! – respondo animada – tudo bem com você?
-Tudo!!!! Ai, que bom, já ia ficar chateada, imagina, logo VOCÊ não se lembrar de mim!!!
-Imagina... – ai, meu deus...
-E a sua mãe, seu pai... E o Beto, como tá?
Pânico: Beto é meu irmão, como é que ela sabe?
-Ta todo mundo bem, sim... E você, tem feito o quê?
-Como assim? Não lembra?
Cacete, que pentelha!!!
-Claro que lembro... E continua?
-Ah, continuo... Não vou largar nunca!!!
-Legal...
-Nossa, que bom te ver!!!! Não mudou nada!!!
-Você também não, ta igualzinha.
-Como assim??? Meu cabelo nem é mais loiro...
Loira? Que inferno!
-Não, mas você ficou ótima morena.
-Lina, eu sempre fui morena, não lembra? Só pintei de loiro no ginásio, depois voltei pro preto... Fala sério, você não ta me reconhecendo....
Pronto, uma pista: “Ginásio”, mas faz tempo pra cacete, como é que essa pentelha lembra de mim?
-Imagina, claro que tô... Bom, mas eu tenho de ir...
-Vai apresentar trabalho amanhã, né? Eu vi no livrinho que eles entregaram aqui... Você viu o meu?
Ufa! É agora.
-Não... Ainda não tive tempo de procurar ninguém, em que página você está? – e saco rapidamente o livrinho da bolsa, na esperança de ler o nome da mulher no comunicado.
-Não sei... Estou sem óculos agora, não vai dar pra ver, mas depois você acha.... Vai me ver, ta? É amanhã!
-Ta bom, vou sim. Ah, me dá seu email.
-Anotai: wmt@........ (não vou colocar o email dela aqui, né? WMT???)
-Puxa, WMT... O que quer dizer o “T”? – perguntei, na esperança de descobrir o “W”.
-É o sobrenome do meu marido. Bom, vou nessa. A gente se fala, ta? Você ta ótima!
E-mails e telefones trocados, ela mora perto da minha casa, tem 3 filhos e um deles acabou de casar. Eu fiquei com o rosto dela na cabeça, tentando me lembrar de alguém que tenha estudado comigo, cujo nome comece com W... Wanda? Wanderléia? Wanessa? Wilma....
03 julho, 2007
O bandido da panela
Estávamos acampados, eu e um namorado, num lugar totalmente deserto, que tinha uma das cachoeiras mais lindas que já conheci. Acampávamos sempre por lá, apesar das histórias de morte e assassinato que cercavam o local. Perto dali, havia uma destilaria abandonada e nunca faltava alguém pra contar que um fugitivo de uma penitenciária não sei de onde, que estava escondido por lá, havia matado alguém por aquelas bandas. Ainda assim, íamos. Éramos apaixonados, corajosos, a cachoeira era lindíssima e carregávamos um facão bem afiado, achando que saberíamos usá-lo se precisássemos.
Naquela noite, estávamos apenas nós dois. Não havia lua e o silêncio era total. Vez em quando um trem apitava lá longe, numa antiga estação que já não funcionava mais. Cozinhávamos num fogão de pedras, improvisado ao lado da barraca. Comemos e fomos dormir. De madrugada, em meio àquele silêncio todo, acordamos com o barulho de alguém mexendo na tampa da panela.
- QUEM ESTÁ AÍ!!??? – pergunta meu namorado, todo corajoso, já com a faca na mão. Silêncio novamente. Tentamos dormir de novo, mas logo depois, o mesmo barulho da tampa balançando em cima da panela nos acordava.
- QUEM ESTÁ AÍ???? – gritava ele, com a voz mais grave que conseguia fazer. Nada. Mais uma vez, tentamos dormir, mas, a essa altura, já estávamos apavorados.
Pouco depois, alguém mexia na panela de novo. Num pulo, ele acendeu a lanterna e abriu o zíper da barraca. “QUEM ESTÁ AÍ????” Imediatamente, ouvimos um barulho de passos sobre as folhas e deduzimos que o intruso corria para a mata, que ficava logo atrás de onde estávamos acampados. Saímos e, mesmo com a luz da lanterna, não conseguimos ver absolutamente nada.
Passamos a noite inteira assim, acordados e apavorados. De vez em quando, ouvíamos de novo o maldito som da tampa da panela mas, se falávamos alguma coisa, o sujeito corria pra mata, delatado pelo barulho das folhas secas.
Assim que raiou o dia, começamos a juntar as coisas todas pra ir embora correndo. Jogávamos tudo dentro das mochilas de qualquer jeito, pois queríamos sumir dali imediatamente.
Foi então que peguei a panela e comecei a raspar o resto da comida que havia nela. Do meio do mato, sem mais nem menos, sai um cachorrinho preto. Ele foi se aproximando timidamente, rabo entre as pernas, orelha caída, olhando faminto pra comida. O danado não tinha uma só manchinha branca, nem o branco do olho dava pra ver em meio a tanto pêlo.
O bandido da panela que nos aterrorizou a noite toda não era maior do que um cocker spaniel e adorava macarrão com sardinha.
Naquela noite, estávamos apenas nós dois. Não havia lua e o silêncio era total. Vez em quando um trem apitava lá longe, numa antiga estação que já não funcionava mais. Cozinhávamos num fogão de pedras, improvisado ao lado da barraca. Comemos e fomos dormir. De madrugada, em meio àquele silêncio todo, acordamos com o barulho de alguém mexendo na tampa da panela.
- QUEM ESTÁ AÍ!!??? – pergunta meu namorado, todo corajoso, já com a faca na mão. Silêncio novamente. Tentamos dormir de novo, mas logo depois, o mesmo barulho da tampa balançando em cima da panela nos acordava.
- QUEM ESTÁ AÍ???? – gritava ele, com a voz mais grave que conseguia fazer. Nada. Mais uma vez, tentamos dormir, mas, a essa altura, já estávamos apavorados.
Pouco depois, alguém mexia na panela de novo. Num pulo, ele acendeu a lanterna e abriu o zíper da barraca. “QUEM ESTÁ AÍ????” Imediatamente, ouvimos um barulho de passos sobre as folhas e deduzimos que o intruso corria para a mata, que ficava logo atrás de onde estávamos acampados. Saímos e, mesmo com a luz da lanterna, não conseguimos ver absolutamente nada.
Passamos a noite inteira assim, acordados e apavorados. De vez em quando, ouvíamos de novo o maldito som da tampa da panela mas, se falávamos alguma coisa, o sujeito corria pra mata, delatado pelo barulho das folhas secas.
Assim que raiou o dia, começamos a juntar as coisas todas pra ir embora correndo. Jogávamos tudo dentro das mochilas de qualquer jeito, pois queríamos sumir dali imediatamente.
Foi então que peguei a panela e comecei a raspar o resto da comida que havia nela. Do meio do mato, sem mais nem menos, sai um cachorrinho preto. Ele foi se aproximando timidamente, rabo entre as pernas, orelha caída, olhando faminto pra comida. O danado não tinha uma só manchinha branca, nem o branco do olho dava pra ver em meio a tanto pêlo.
O bandido da panela que nos aterrorizou a noite toda não era maior do que um cocker spaniel e adorava macarrão com sardinha.
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