05 agosto, 2006

Pelo telefone

Alô? Juremar? Sou eu. Olha, Juremar, escuta. Agora tu vai me escutar! Tu entrou na minha vida só pra me fazer sofrer! Encheu minha cabeça de chifre, minha cara de tapa e minha vida de problema. Me largou na maior merda, sem dinheiro, sem destino, sem futuro e agora vem com esse papo de “não estou bem”, “sua presença me faz mal”, “você podia me poupar”? Tás pensando que a vida é doce de coco, meu nego? Quando tu me largou lá na praça quinze só com o dinheiro do ônibus, achou que eu ia fazer o quê? Chorei, sim, mas só 2 meses. Depois eu sacudi a poeira e dei a volta por cima, que eu nasci pra ser troxa, não! Pô, Juremar, ainda se fosse a primeira, mas essa foi a quinta vez que tu acabou comigo... Ou ama ou não ama! Eu tenho amor próprio, a vida não é brigadeiro, não, neném! Que é que tu acha que eu tive vontade de fazer quando descobri que tu tava andando com a Zefa da Mangueira de novo? Nossa cama ainda tava quente, Juremar, e tu já tava rondando lá no morro que eu sei, eu sei!! Me deu vontade de ir até lá e te arrebentar inteiro! Tu e ela! Tu, porque é safado, ela porque é burra de acreditar em você! Aí tu vem com aquele papo de arrependimento, que eu é que sou a tua nega, que tu não vai mais me largar, que dessa vez é diferente.... que quaisquaisquais é esse, Juremar? Em conversa de malandro eu não caio mais não, já tô escolada, mermão! E tem mais, não vem dá uma de coitado agora pra todo mundo, que eu sei bem a bisca que tu é! Num pensa que eu num sei que tu anda dizendo pra todo mundo que eu te larguei, que eu te fiz sofrer, que eu é que sou a biscate, porque eu sou bem capaz de ir lá na feira e fazer o maior escândalo bem na frente da tua banca de peixe, hein? Vou dizer pra todo mundo o safado que tu é, as promessa que me fez e não cumpriu, as jura de amor, as poesia que tu me escrevia! Tudo da boca pra fora, seu cachorro! Hein? Como é que é? Quando foi isso? E tu já foi no médico? O que é que comeu hoje? Pelo amor de Deus, Juremar... Úlcera é coisa séria, não pode ficar comendo coxinha no bar do Chicão que piora... e não pode beber, hein? Sei... Tá... Mas vê se toma os remédio direito, se come uma coisa mais levinha... Lingüiça, Juremar?!!! Lingüiça é fritura! Pede pra tua Zefa te fazer uma sopinha... ah, é? Não tá aí não? Nunca mesmo? Jura, Juremar? ..... eu também te adoro, meu nego... promete? Mesmo? De verdade? tá bom... eu vou... mas é a última vez! Eu sei... tá bom, meu lindo, daqui a pouco eu chego, viu? antes eu vou dar uma passadinha na feira pra comprar uns legume pra te fazer uma sopinha... Eu também te amo, viu, neguinho? Ai... não fala assim... não fala assim que tu tá doente e não pode... ai, ai, Juremar.... Tô indo, meu nego, té já!

8 comentários:

Anônimo disse...

... e dá-lhe mulher de malandro! Deusolivreguarde! rs*

Anônimo disse...

Tá vendo? Isso é que é mulé! Tem até uns lampejos de feminismo, mas vira e mexe cai na real e volta ao seu papel de MDM (Mulé di Mallandro). He he he he he!

Anônimo disse...

continuo sem acreditar que realmente existam mulheres assim. isso é coisa da cabeça de escritor!

Anônimo disse...

Lina Maria,
Você traduz muito bem a realidade de "mundos" diferentes do seu. Pode até parecer ficção, mas não é! Transitando por outras classes sociais percebemos diferentes comportamentos.
Beijos na alma.

L. disse...

Turkhesa querida, vc como sempre percebendo muito bem a realidade a sua volta. De que adianta fazermos de conta que todo mundo é bonitinho, todo mundo é bonzinho se lá fora não é bem assim,né? Pedro, tá cheio de gente assim por aí, cara, gente que apanha e continua se submetendo por amor. é triste, mas é isso aí! a "nega" é só uma caricatura. beijo grande.

L. disse...

Ô, defensor, a Luci tem entrado aqui? Abre o olho, Luci!!!!!

Anônimo disse...

Nem a Luci nem a Lucy. E quem postou, o "defensor", não fui eu, o seu irmãozinho bonitinho. Rsrsrs...

Anônimo disse...

hehehe tia, adorei, estao todos muito bons.
Só parei um pouquinho pra dizer isso. Agora da licença que eu vo continua lendo.
Bjao