06 junho, 2007

Tarde

Na memória, o cheiro do livro aberto sobre a mesa, o gosto do café com biscoitinhos amanteigados, o barulho do relógio repetindo tarde, tarde, tarde, tarde, tarde, tarde, tarde, tarde....
Parecia ser sempre tarde demais, inda que cedo soubéssemos... Sentimento irreparável de equívoco, nonsense, como se realmente pudéssemos ter esperanças, inda que tarde (pode haver esperanças à disposição com o fim do verão?).
Resta-nos apenas um irrecuperável sabor de biscoitinhos amanteigados a impregnar as tardes da sensação de que era – e sempre seria – tarde demais pra se ter esperanças.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto, Lina Maria.
Realmente, com o fim do verão as esperanças são estranguladas com cachecol, assadas na lareira e as que restarem serão congeladas sob a próxima névoa úmida e mortal.
Beijos.