08 maio, 2006

No Cinema - Brasília 18%

Quem me conhece sabe que amo ir ao cinema. Na verdade, não me refiro à sala de cinema, mas ao filme, que, agora no inverno, domingo à noite, debaixo das cobertas e bem acompanhada pode muito bem ser visto na frente de um DVD.
Faz tempo que não vejo um puuuuta filme... Esses dias estava comentando com o Rey (cinéfilo juramentado) que não tenho assistido a nada que preste. Parece que o cinema está passando por uma espécie de “buraco negro”, em que tudo é muito fraco, inverossímil, repetitivo, clichê.
Outro dia fui assistir a “Brasília 18%”. Confesso que inicialmente achei uma porcaria. Depois fiquei pensando nos bons atores que compõem o elenco (entre eles Carlos Vereza, Othon Bastos, Malu Mader e Bete Mendes), na direção de Nelson Pereira dos Santos, em todas as estrelas que a crítica da Folha atribuiu ao filme e comecei a achar que eu é que sou muito burra e não percebi alguma coisa que deveria ter percebido... Que nada, sabe? O roteiro é ruim mesmo, algumas passagens são completamente inverossímeis, as personagens são fracas e inconsistentes e a interpretação do boto, ops! do Ricceli é sofrível. Acho que o diretor tentou fazer um filme de arte, com referências a Chinatown, de Polanski, mas não conseguiu.
A carona no escândalo do mensalão é o que salva uma pequena parte das duas horas de cadeira: o filme esculacha a vida privada em Brasília, expondo abertamente a corrupção que grassa no planalto central (ou que o desgraça, pode escolher). Explicita uma situação que faz doer o calo de toda a esquerda contemporânea, mas, mesmo assim, não podemos considerá-lo uma denúncia, uma vez que todos já conhecemos o cheiro da podridão que emana do cerrado.
Não gostei... Para ser bem franca, detestei.
Tenho profundo respeito por Nelson Pereira dos Santos. Entendo que tudo se torna mais difícil depois de fazer filmes como Vidas Secas e Memórias do Cárcere, mas batizar as personagens com o nome de pessoas importantes da nossa história cultural, por pura brincadeira é, no mínimo, um sacrilégio. Martins Fontes, Machado de Assis, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Tobias Barreto e Augusto dos Anjos, entre outros: todos dentro do mesmo saco de corrupção e sujeira que envolve o desaparecimento de Eugênia Câmara, assessora do deputado Silvio Romero... Pode? Simplesmente ridículo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lina,
ufa, que alívio!!!
É uma droga a gente não gostar de um filme e ficar na dúvida se não gostamos porque realmente é ruim ou porque não entendemos "lhufas"... Temos o direito de mostrar a língua, não???
Qual é o restaurante do chef Lutti da foto de baixo?
Escuta, agora você precisa vir conhecer a nova casa. Ninguém mais fica conversando na sala, venha descobrir por quê!
Um beijão

L. disse...

Oi, Rê, vou conhecer a casa nova, sim, é só combinarmos. Pois é, essa coisa de sair do cinema com a sensação de que vc é a única pessoa que não gostou do filme é complicada... mas como eu não devo nada a nenhum dos patrocinadores e ninguém me pagou por essa crítica, acho que posso falar o que bem entender, né? O chef Lutti está no sacolão da R.João Moura, em Pinheiros, veja o post do dia 31/03. Beijão!

Anônimo disse...

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