Gosto, fazer o quê?

Todos nós temos nosso lado kitsch. Pingüins de geladeira pra uns, cachorrinhos de porcelana pra outros, gatinhos de madeira, miniaturas em geral, souvenirs de viagens, carrinhos e aviões de montar. Quando eu era pequena, tinha um primo que colecionava flâmulas de times de futebol (alguém aí, lembra o que é uma flâmula?). Uma amiga guardava caixas daqueles negativos coloridos dentro de uma coisa plástica que a gente punha o olho pra ver, lembra? como é mesmo que se chamava aquilo?
Eu gosto de santos. De madeira, gesso, cerâmica.... Às vezes, vejo algum que gosto e dou de presente pra minha mãe, que já tem uma prateleira cheia deles. Tenho um lado católico herdado de minha avó paterna que me levava à missa quando eu era pequena e, confesso, acho bonito. Hoje não “pratico” mais essa fé, mas gosto de entrar em igrejas e me deixar ali, por alguns instantes, absorvendo um pouco daquela aura carregada de energia.
Há algum tempo, fui com minha amiga Turkha no Santuário de N. Sra. Desatadora dos Nós, em Campinas, um lugar lindo, tranqüilo, carregado de uma energia boa. Rezei. Pedi. Coincidência ou não, alguns desses nós difíceis que aparecem na vida da gente foram, aos poucos, se desatando. Fiquei devota! Comprei medalhinha, vela, santinhos impressos, mas ainda não tinha achado uma imagem de que gostasse.
Hoje fui a um bazar de dia das mães e lá estava ela: pequena, discreta e bonita. Comprei a santa e coloquei na mesa do computador.
- Mãe!!!! Que diabo é isso em cima da mesa?
- Não é diabo, é santa!
- Isso não vai ficar aí!!!
- Vai, sim.
- Ah, não vai MESSSSSSMO!
- Ah, vai....
- Não vai!
- Vai!
- NÃO VAI!
- VAI!
- POR QUE É QUE VOCÊ NÃO COLOCA ISSO LÁ NO SANTÓDROMO DO QUARTO DA MINHA AVÓ?!?!?
- “Santódromo”?
- É, mãe, aquela prateleira ela tem no quarto dela....
- (...)
Não preciso dizer que a santa ficou na mesa do computador mas, em contrapartida, eu vou engolir uma foto da Ana Hickmann na parede. Pode?