Outro dia ouvi uma renomada psicóloga, que é mãe de uma amiga da minha filha, dizer que só conseguiu ser feliz no quarto casamento. Que com a irmã dela também foi assim e com algumas amigas e pacientes, a mesma coisa. Ela defendia arduamente a teoria de que o sujeito só consegue ser feliz, a partir do quarto casamento. Como a mulher é “bambambam” no que faz, eu fiquei encasquetada com aquela história de quatro casamentos... Por que diabos, quatro?
Decidi tentar associar casamentos e viagens, para entender melhor sua opinião.
Da primeira vez em que se casa, acredita-se em véu, grinalda, alianças e assinaturas, muitas assinaturas. Escolhe-se uma data e aí começa a maratona: cartórios, livros de registro, testemunhas, igrejas, padrinhos, vestidos, músicos, festa, convidados, listas de presentes, dores de cabeça. Algum tempo e muita grana depois, as pessoas estão casadas. É a efetivação do sonho, a expressão da Cinderela que existe em todas as mulheres e a promessa de felicidade eterna. Ser feliz está diretamente relacionado à existência do outro na sua vida e, como quem casa quer casa, passa-se a dividir o mesmo teto, a mesma cama, o mesmo sabonete com alguém, às vezes, muito diferente de você.
O primeiro casamento é como a preparação para uma viagem. Você arruma as malas, pensa em cada detalhe, em cada peça de roupa que vai levar, sem se importar muito com a estrada ou o destino. Um dia você se percebe com a (o) mala na mão e não sabe o que fazer com ela (ele).
Da segunda vez, não se acredita em nada. A experiência de uma separação, que traz com ela a frustração de se ter perdido todas as suas fichas numa aposta alta demais e que não deu certo, transforma o segundo casamento na dispensa total das convenções. Você conhece alguém, vai ficando junto, vai dividindo a vida, as resoluções, as dúvidas, os prazeres e, aos poucos, percebe-se casado. Assim, sem papel, testemunha, assinaturas, data certa e, sem nem mesmo morar na mesma casa, você se descobre casado. A felicidade está associada aos momentos vividos com o outro.
O segundo casamento é como a estrada que te conduz na viagem. Você não arrumou as malas, não separou as roupas mais apropriadas, não pegou nem guarda-chuva nem protetor solar, mas viu cada árvore do caminho, cada curva, notou cada pisada no acelerador ou no freio. Um dia você percebe que não sabe muito bem aonde chegou.
(continua...)
13 fevereiro, 2006
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Um comentário:
Oi! Li seu comentário lá na franka e vim ler seus textos sobre o casamento. Interessante a comparação com a viagem... Mas acredito que algumas pessoas consigam o bom casamento antes da quarta vez :)
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