06 março, 2007
A História que não pode ser esquecida
Em 1964, a “revolução” – que alguns costumam chamar “redentora” – rebentou em nosso país. As más (e vermelhas) línguas dizem que era dia 1º de abril, mas nossa sempre tão arranjada história consagrou o dia 31 de março como data oficial do golpe que daria o poder político aos militares por 20 anos. Ainda que tenha sido startada no “dia da mentira”, a verdade é que a “revolução redentora” torturou, matou e deu fim a muita gente, em sua maioria jovens, estudantes, artistas e intelectuais influenciados pelas idéias de liberdade que pipocavam mundo afora naquele tempo - e de forma muito forte na América Latina.
Hoje quando eu vejo as pessoas "metendo o pau" no Lula e na política como um todo, penso que muita gente boa foi torturada pra esse cara estar no poder. Muita gente morreu, para que pudéssemos escolher novamente o presidente desta república. Ex-operário, líder sindical recém alfabetizado, legítimo representante da vontade popular, Lula exprime a realização dos desejos de muitos daqueles jovens que sonhavam com um mundo menos lotado de diferenças. É claro que o tempo passou, a esquerda se corrompeu e o PT caminha cada vez mais em direção à direita – e o almoço do Maluf com o assessor da Marta Suplicy que, essa semana, escandalizou quem ainda tinha um resto de esperança, não me deixa mentir. A pergunta que não quer calar, no entanto, não é o que vai ser do PT e da esquerda brasileira, as cadeias devem ser usadas pra quem for considerado culpado e ponto final. O que me pergunto é com o quê sonham os jovens hoje. É... com quê? O idealismo não existe mais, as utopias foram por água abaixo e “os meus heróis morreram de overdose”. O desencanto da geração dos 80’ (nascidos nos anos 60) resultou na apatia generalizada que representa os filhos desses desencantados. Os jovens não sonham com nada além de um super carro, dinheiro, status e – quiçá – superpoderes como os das personagens do novo seriado do Universal Chanel, Heroes. A diferença é que nossos Heroes não saberiam usar seus superpoderes para nada que não fosse de seu próprio interesse. É duro, mas real.
Por tudo isso, é preciso contar essa história pra esses jovens. A história de uma geração próxima à de seus avós, que estavam tendo filhos nas décadas de 60, 70; filhos que gerariam outros filhos nos anos 90, eles.
Em minha pesquisa de mestrado, analiso o uso de outras linguagens em sala de aula, mais especificamente as adaptações literárias para outras linguagens, como cinema,TV, hipermídia etc. Acredito realmente que os professores deveriam utilizar mais os equipamentos de audiovisual de suas escolas, afinal nossos alunos de Ensino Fundamental e Médio já nasceram sob o império das imagens. Há alguns filmes muito bons sobre o tema da luta armada e suas conseqüências não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Vou falar um pouco sobre eles nos próximos posts do Cordel Encarnado.
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Um comentário:
Professora querida,
Concordo plenamente contigo, embora tal tema suscite uma série de "links" e discussões que vão muito bem com um cafezinho e bolo de banana da Nico.
É imprescindível a utilização de outras linguagens em sala de aula. Parafraseando Antonio Cândido: "A arte não corrompe nem redime, ela dá o espetáculo da vida, daí sua força educacional."
O cinema pra mim sempre foi uma sala de aula especial...
Beijocas.
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