"cantar, cantar, cantar como a gente sempre quis..."

Cantar é muito bom, sabe? E eu canto desde menina. Meus pais faziam tudo cantando em casa e eu fui cantando junto com eles (e com a minha avó, que era soprano!) até que um dia criei coragem e cantei sozinha.
As músicas da minha infância eram muito diferentes das músicas das outras crianças; meu pai tinha uma coleção de grandes (e antigos) nomes da nossa MPB, como Donga, Dolores Duran, Tito Maddi, Noel e por aí afora e eu cantava tudo isso. Havia também muito samba na minha casa: Paulinho da Viola, Clara Nunes, discos de samba enredo - naquela época ainda se fazia sambas enredo maravilhosos, a maioria da Portela. Dava gosto cantar samba e preciso dizer que adoro Paulinho da Viola e Clara Nunes.
Ontem fui a uma "violada", que é uma festa em que se toca muito violão, e cantei até quase meia noite. O detalhe é que dei aula das 8h às 17h e falei como louca e o resultado disso é que minha voz foi pro saco, "trastejou" pra caramba, mas nada que uns dois dias de própolis e limão não resolvam.
O legal dessas festas é que, como eu acabo sendo a cantora oficial, preciso renovar o repertório e isso acabou criando a necessidade de deixar papel e caneta sempre à mão no carro, pois ouço muito rádio, já que dirijo muuuuitos quilômetros todos os dias (logo eu, que não gosto de dirigir...) e transformei o rádio no meu fiel companheiro das vias esburacadas e engarrafadas de São Paulo. Enfim...
Por conta disso, tenho buscado umas músicas muito legais na internet e vou publicar algumas letras aqui. Essa é do Paulinho da Viola - esse poeta! - e eu adoro. Está no CD (LP, não sei se já existe em CD) "A Dança da Solidão", de 1972. Lindíssima.

DUAS HORAS DA MANHÃ

Duas horas da manhã,
Contrariado espero pelo meu amor
Vou subindo o morro sem alegria,
Esperando que amanheça o dia
Qual será o paradeiro
daquela que até agora não voltou?
Eu não sei se voltará,
ou se ela me abandonou
A minha esperança está morrendo
E a saudade no meu peito vai crescendo
Parece até que o coração me diz
Sem ela, eu não serei feliz...